
A palestra sobre IA em dermatologia na Reunião Mensal de Maio rendeu um conteúdo formidável. As participações do professor André Barcaui, engenheiro e especialista em computação, e dos dermatologistas Dr. Gustavo Filippo e Dr. Thomás Nóvoa, trouxeram um recado bem claro: não devemos ter medo dos LLMs. A conversa com a inteligência artificial pode otimizar nosso trabalho e melhorar nossa vida, desde que saibamos usar o prompt, direcionando-o bem para o que queremos, sem deixar de lado a consulta às fontes. Quanto mais dominamos o assunto que estamos pesquisando, menos riscos temos de cair nas “alucinações” (erros de referências) da IA.
Vamos a alguns tópicos importantes:
Dr. Thomás Nóvoa destaca que o futuro pode reservar uma nova disciplina na graduação de medicina ou até mesmo em cursos de pós-graduação.
– Acredito que pode surgir em breve uma nova disciplina nas grades das escolas de medicina e talvez até de dermatologia, chamada engenharia de prompt – que é você saber qual ferramenta de LLM, de IA, você pode usar para cada propósito e entender a melhor maneira de usá-la. Por exemplo, não é a mesma coisa que pesquisar no Google, mas segmentar a busca por objetivos.
E dentre as ferramentas de IA recomendadas atualmente pelo Dr. Thomas Nóvoa estão, além do Chat GPT, o Space e Consensus, que ajudam a encontrar referências científicas confiáveis. E os novos modelos, como o GPT-4.5, apresentam menor taxa de alucinação (-0,8%).
– E sempre é preciso ter o critério humano pra avaliar e checar as referências – alerta ele.
O professor André Barcaui deu uma dica muito valiosa, que é elaborar a busca na hora da pesquisa. Na engenharia de prompts, a utilização eficaz da IA depende de saber como estruturar as perguntas e comandos; técnicas incluem definir objetivos, precauções, formatos de retorno e contexto. O uso de “investigação profunda” (deep research) gera relatórios extensos e bem referenciados, úteis para pesquisas acadêmicas.
– Vocês (dermatologistas) vão gostar muito desse feature. Não é algo sobre “como se faz um bolo?”, mas é algo elaborado, você fazer prompt de pesquisa. E a IA vai te dar uma resposta em 15 minutos, não é uma resposta rápida, no entanto, o relatório que você vai receber de volta é de 20 páginas, como uma monografia, um TCC de final de curso. O chat GPT está fazendo isso com muita propriedade. Agora é fundamental checar as fontes, para fugir das alucinações.
Nessa linha, o Dr. Gustavo Filippo dá as seguintes orientações para elaborar o prompt.
– Uma forma que o dermatologista pode utilizar a IA para ter uma maior precisão é a própria construção do seu prompt. Primeiro, na hora de construir um personagem em pesquisa científica, você pode colocar “eu quero que você, chat GPT, pesquise como um analista de dados de pesquisas que se baseiam nas diretrizes da plataforma Brasil para poder me trazer essas respostas, a partir dos dados de artigos do PubMed”; então, na hora que o LLM for fazer a construção da sua resposta, ele vai ter o embasamento que você solicitou pra que ele tenha, e isso significa uma resposta mais precisa.
Dr. Gustavo também salienta:
– E você também pode solicitar que a IA construa uma tabela mostrando as referências que foram buscadas para gerar essa resposta. Portanto, é fundamental usar a IA não como um lugar que vai te ensinar, mas sim, um lugar de discussão, onde você tem que ter o domínio no assunto para poder ter uma maior precisão na sua resposta.
Por fim, o professor André Barcaui diz que não é preciso temer as alucinações, um fenômeno real em que a IA gera informações falsas, especialmente quando pressionada a sempre oferecer uma resposta. Embora esteja diminuindo com atualizações, ainda é um risco, principalmente na citação de referências, jurisprudências e dados numéricos. A IA deve ser usada como apoio, e não como fonte final de conhecimento. O domínio prévio do assunto pelo usuário é essencial.