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Um ano de aprendizado extenso nas várias áreas da dermatologia. Assim foi 2016, com a organização de encontros científicos que abordaram temas diversos, com alta receptividade dos associados. Nesta terça-feira, 15/11, no Centro de Convenções SulAmérica, aconteceu o último evento da regional neste ano, o Curso de Atualização em Dermatologia, que veio dar aos dermatologistas a oportunidade de ter contato com informações recentes e situações práticas relacionadas a importantes temas: dermatopediatria, psoríase, doenças infecciosas e alergia dermatológica e dermatoses ocupacionais. Na abertura do evento, o presidente da SBDRJ, Flávio Luz, agradeceu a presença dos mais de 150 presentes, mesmo no feriado e num dia chuvoso na cidade do Rio.
Começando pelas crianças
As atividades científicas foram iniciadas pelo bloco de dermatopediatria, com uma seleção de temas que privilegiou as queixas mais comuns nos consultórios. Segundo Osvania Maris, que coordena o departamento com a colega Fernanda Valente, a ideia foi, exatamente, mostrar de forma bem prática o que há de mais corriqueiro no dia a dia do dermatologista que atua na área. Em sua palestra, Osvania apresentou as atualizações em mastocitose na criança.
“Não existe nenhum tratamento efetivo, que cure a doença. O objetivo principal é controlar os sinais e sintomas”, explicou, acrescentando que o tipo mais comum nas crianças é a urticária pigmentosa, correspondendo a até 90% dos casos.
Ainda no bloco de dermatopediatria, foram apresentadas palestras sobre hemangiomas (Elisa Fontenelle), dermatite atópica (Amanda Hertz) e dermatite seborreica (Fernanda Valente). Logo após, a ex-presidente da SBDRJ, Ana Mósca, conduziu uma conferência sobre psoríase na criança. Além das discussões sobre os casos e as suas condutas, as especialistas lembraram a importância de se levar em consideração o sofrimento do paciente.
“Sempre que possível, eu poupo a criança da dor”, revelou Ana Mósca. Elisa, em sua aula, lembrou que nem todos os hemangiomas precisam ser tratados, listando os casos em que se faz necessária a intervenção terapêutica: alteração visual ou auditiva, obstrução retal, ulceração e infecção, sangramento frequente, lesão visceral com risco de vida e desfiguração.
Bloco aborda o tradicional e o novo no tratamento da psoríase
Após o coffee break, o tema da vez foi psoríase. O pontapé inicial foi dado pelo presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Fluminense (SBDFL), Roberto Souto, que abordou o tema imunopatogenese da psoríase. A apresentação foi elogiada pelo coordenador do bloco, Alexandre Gripp.
“Foi realmente uma aula muito boa sobre um tema muito complexo”, opinou. Além de Roberto, estiveram no púlpito as colegas Livia Barbosa, Barbara Nader e Juliana Leal. Em suas aulas, expuseram à plateia informações recentes e uma série de casos clínicos. O foco foi demonstrar e comparar os tratamentos atualmente disponíveis para a doença. Livia frisou a importância de avaliar cada caso e as condições de cada paciente, inclusive socioeconômicas, antes de escolher o caminho terapêutico.
Um dos assuntos mais atuais e, é claro, controversos, os imunobiológicos, foram o tema da palestra de Juliana Leal. “É o ‘filet mignon’ da terapia dermatológica”, comparou, ao listar para os participantes a série de benefícios que apresentam e mencionar seus baixos efeitos colaterais. Mas ponderou, dentre os pontos negativos, que ainda não se tem convicção a respeito dos efeitos a longo prazo e seu custo alto. Antes de sair para o almoço, os participantes ainda puderam assistir um simpósio satélite sobre hidratação, com Joana Costa.
Especialista exalta importância do envolvimento de todos para frear esporotricose
Após a volta do almoço, mais dois blocos: “dermatologia infecciosa” e “alergia dermatológica e dermatoses ocupacionais”. Como não poderia ser diferente, a esporotricose, doença que vem tendo seus casos multiplicados exponencialmente no estado do Rio, foi tema de uma das palestras. O responsável por abordar o assunto foi Dayvison Freitas, da Fiocruz, que, além de detalhar os sintomas e os tratamentos, apresentar casos e dados da doença, destinou bom tempo de sua aula explicando a importância do envolvimento de todos, entidades e profissionais da saúde, na luta pelo controle da hiperendemia.
“A esporotricose é um problema sanitário. Enquanto medidas neste sentido não forem tomadas, o problema não será resolvido”, disse. Dayvison exaltou a inciativa da SBDRJ de colocar o assunto em pauta. Ao final do bloco, o presidente eleito para a gestão 2017/2018 da SBDRJ, Egon Daxbacher, lembrou que está disponível no site da regional um espaço com informações detalhadas sobre a esporotricose. Clique aqui e conheça.
Com a proximidade do verão, a palestra do colega Marcelo Lyra sobre as manifestações cutâneas da zika, dengue e chikungunya foi muito oportuna. É nessa época do ano que atingem o ápice em número de casos; elas têm em comum o vetor principal, o mosquito aedes aegypt, que pode ser combatido com medidas simples. Em seguida, as aulas sobre reações hansenicas (Maria Katia Gomes) e paracoccidioidomicose (Priscila Macedo) foram ricas em casos exuberantes, motivando, ao fim do bloco, uma produtiva discussão.
“A paracoccidioidomicose é potencialmente fatal, especialmente quando ocorre atraso no diagnóstico. O Rio é um estado de alta endemicidade”, alertou Priscila. Para ela, há extrema necessidade de se estabelecer a notificação compulsória.
Palestras do último bloco, sobre alergias e dermatoses ocupacionais, mantêm plateia até o fim
O quarto e último bloco do curso de atualização manteve o auditório cheio até o fim do evento. Gabriela Dias ministrou palestra sobre sua experiência prática com urticária crônica, traçando um paralelo com guidelines da doença. A colega mostrou uma série de casos muito bem documentados e ressaltou a dificuldade de diagnóstico da doença, o que torna ainda mais importante seu estudo. No mesmo bloco, ainda ocorreram as aulas sobre leucodermia química (Ana Patrícia Dutra), dermatite de contato a proteínas (Mayara Borges) e dermatite de contato a cosméticos (Ana Luiza Villarinho), esta última sendo comum a boa parte dos colegas da plateia que clinicam. Sobre o assunto, Ana Luiza destacou a importância de recomendar aos pacientes o uso de produtos registrados pela Anvisa.
O curso marcou o último encontro científico da gestão 2015/2016 da SBDRJ, mas não será a última oportunidade do ano para confraternização.
“Ainda teremos a festa do dia 1o de dezembro. Esperamos todos os associados lá!”, lembrou o secretario geral, Thiago Jeunon. Os interessados devem enviar email para sbdrj@sbdrj.org.br ou eventos@sbdrj.org.br.
Até lá!