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Todos contra a hanseníase: evento marca abertura de mês dedicado ao tema

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A SBD-RJ foi uma das protagonistas do II Seminário Estadual de Mobilização e Enfrentamento da Hanseníase, realizado nesta terça-feira (07), na Escola de Gestão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), no Centro. Iniciativa da Gerência de Dermatologia Sanitária (GDS/RJ) da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES), o evento reuniu mais de 200 pessoas em um auditório que ficou pequeno diante do quórum alto, apesar do dia frio e chuvoso, e teve como objetivo refletir, com gestores, profissionais de saúde, instituições de ensino e movimentos sociais, estratégias de enfrentamento da endemia de hanseníase em todo o estado do Rio. Estavam presentes também gerentes dos municípios estado do Rio e o seminário serviu ainda para estimular a organização dos programas de hanseníase em todo esse território.

Durante os debates, o presidente da SBD-RJ, Dr. Egon Daxbacher, fez uma exposição sobre a situação atual da hanseníase no estado do Rio e as perspectivas para o enfrentamento da doença. E chamou atenção para o fato do desafio do Rio ter mudado ao ter alcançado uma das metas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

– Um dos pilares da OMS é não existir mais casos de hanseníase em menor de 15 anos, com grau de incapacidade 2. E o Rio de Janeiro não tem nenhum caso de criança com grau 2, então, nosso desafio já não é mais o mesmo da Organização Mundial de Saúde. Nosso desafio é evitar que reapareçam casos de hanseníase com grau 2 em criança e pensar em zerar o número de crianças com hanseníase. Estamos em outro contexto e isso é importante para olhar o planejamento.

Quanto maior a avaliação o retrato

Outra questão importante levantada pelo Dr. Egon foi que quanto maior for o número de pacientes avaliados – como 98% no norte-fluminense – melhor a possibilidade de entender a realidade da região.

– No norte-fluminense, por exemplo, a gente já consegue saber que 14,5% dos pacientes diagnosticados têm alguma incapacidade visível. Ou seja, ele já apresenta alguma deformidade, um mal perfurante plantar, algum problema que incapacita ele para o seu trabalho e seu dia a dia.

Outro dado apresentado pelo Dr. Egon é que o Rio vem aumentando a proporção de pacientes com casos grau 2, o que é esperado em regiões onde a hanseníase vem diminuindo porque os pacientes mais suscetíveis sofrem com atraso de diagnóstico, sendo mais difícil a detecção da hanseníase, necessitando de uma nova estratégia de ação.

– Mas a diminuição do número de casos novos com grau 2 não é expressiva, tem se mantido nos últimos três anos, que significa que estamos diminuindo muito lentamente o coeficiente de grau 2 na população, segundo recomendação da OMS.

Mudando o olhar…

Outra preocupação, segundo o Dr. Egon Daxbacher, é a confirmação do diagnóstico do paciente com hanseníase. Muitas vezes os pacientes apresentam muito mais manifestações neurológicas, inclusive outras doenças, como diabetes, que podem trazer manifestações clínicas semelhantes.

…que começa na atenção primária

Moises Vieira Nunes, presidente da Associação de Medicina de Família e Comunidade do Estado do Rio de Janeiro (AmFaC/RJ), que abordou os desafios das equipes de Atenção Básica para descentralização das ações de controle da hanseníase, admitiu que o acesso melhorou, mas a demora no encaminhamento de casos de pacientes ainda é um desafio.

– A rede de atenção primária se expandiu e promoveu o primeiro acesso com sucesso, no entanto, a marcação da consulta de volta pode demorar até três meses. A chance desse paciente – economicamente ativo – faltar a essa consulta é muito grande. É claro que a importância que a gente dá a uma urgência – o paciente que aparece e está vomitando, por exemplo – e a uma mão dormente é diferente. O ideal seria que o problema de ambos os pacientes fosse resolvido no mesmo dia.

‘Não há uma única unidade de referência’

Dra. Maria Leide W. de Oliveira, do Departamento de Telemedicina da SBD-RJ e professora do HUCFF/UFRJ, falou da importância das unidades de referência no contexto atual da endemia no estado. Para ela, é importante que haja um fluxo de apoio de diversas unidades de saúde tamanha a complexidade do paciente.

– Quando falo de referência em hanseníase, dificilmente vou falar de uma unidade apenas. É muito difícil oferecer hoje em dia tudo que o paciente precisa na evolução dele, inclusive pós-tratamento, em uma única unidade que possa oferecer tudo. O ideal seria que nós déssemos alta pra todos eles com grau zero de incapacidade, que aí ele não seria mais paciente, mas a gente dá alta com grau 1, grau 2, pessoas que vão ser paciente por toda a vida.

É preciso integração

Dra. Maria Kátia Gomes, do Departamento de Hanseníase da SBD-RJ e professora da Faculdade de Medicina UFRJ, palestrou sobre o apoio matricial na Atenção Básica. E ressaltou a construção de um trabalho de integração.

– Hoje não é só a UFRJ que matricia. A prefeitura contratou mais quatro matriciadores e a partir daí começamos a descentralizar as ações da hanseníase dentro daquelas unidades onde a gente percebia que havia mais solidez.

Compartilhe saúde, afaste o preconceito

Agosto é um mês para lembrarmos que o ano inteiro é preciso combater e enfrentar a hanseníase e o preconceito. Durante todo o mês, a rede Itaú de cinemas está exibindo esse vídeo antes dos filmes em cartaz. Entre nessa, curta e compartilhe também no Facebook.