Para programa, cidade é um dos alvos prioritários para receber profissionais
Enquanto o governo divulgava planos de criar novas vagas de formação de médicos no país, moradores de São Gonçalo sofriam ontem para conseguir atendimento no principal pronto-socorro do município. Quem buscou a emergência do Hospital Luiz Palmier enfrentou longas filas de espera, goteiras, falta de macas e cadeiras de roda. Os problemas se concentravam entre pacientes com suspeita de trauma. Muitos deixaram a unidade, após até cinco horas de espera, sem conseguir sequer realizar um exame de raios X. São Gonçalo é um dos municípios do Rio que receberão parte das 3.185 vagas de graduação em Medicina e 5.177 vagas de residência destinadas à Região Sudeste, pelo programa Mais Médicos. Outros municípios do estado foram incluídos como prioritários para envio de profissionais, como Duque de Caxias, Guapimirim, Japeri, Magé, Paracambi, Queimados, Rio de Janeiro e Seropédica. A secretária de Saúde de São Gonçalo, Marcia Morse, admitiu que o setor está debilitado na região e disse enfrentar dificuldade para contratar médicos de algumas especialidades: – Sabemos que o pronto-socorro central está sobrecarregado e planejamos a abertura de novas unidades de pronto atendimento. Estamos trabalhando para reorganizar a rede e contratar profissionais. Com mais de um milhão de habitantes, São Gonçalo é o segundo município mais populoso do estado e oferece atendimento público emergencial traumato-ortopédico só no Hospital Luiz Palmier, segundo a secretária. Geiza Ramos só conseguiu que o filho entrasse na unidade após se exaltar com funcionários. O jovem caiu de uma laje e apresentava suspeita de lesão na coluna – mas esperou por mais de três horas sentado numa cadeira comum. Já Marlene Fernandes do Nascimento, de 67 anos, caiu na calçada e deixou o hospital sem fazer exame de raios X, embora sentisse muita dor na bacia. Após cerca de cinco horas de espera, os médicos lhe disseram não haver filme para o exame na unidade. São Gonçalo e outros municípios da região contemplados pelo programa Mais Médicos, como Guapimirim e Magé, estão na listagem do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio como os mais críticos do estado. A presidente da entidade, Márcia Rosa de Araujo, disse que a situação pode se agravar com o aumento de demanda provinda do Comperj, complexo petroquímico que está sendo instalado em Itaboraí.
Fonte: O Globo