Mais uma vez o auditório do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, em Botafogo, ficou pequeno. 274 associados compareceram à Reunião Mensal, que teve entre os destaques a palestra principal sobre “Complicações de preenchimento”, apresentada pela Dra. Meire Brasil Parada, especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Associação Médica Brasileira (AMB) e membro titular da SBCD, SBD, AAD e da Câmara Técnica de Dermatologia do Conselho Regional de São Paulo (CREMESP).
O dermatologista em primeiro plano
Para o Dr. Thiago Jeunon, vice-presidente da SBD-RJ, a aula da Dra. Meire alertou, com exemplos, sobre o perigo de procedimentos estéticos que são realizados por não-médicos ou mesmo por médicos que não detém conhecimento específico sobre a pele.
– Essa aula foi fantástica. Ao abordar as complicações de procedimentos estéticos, mostrou muito como esses procedimentos são um ato médico e especificamente do profissional que sabe reconhecer e lidar com lesões de pele. Foram mostrados casos de complicações vasculares, com desenvolvimento de lesões específicas, complicações de processos granulomatosos, necessidade do exame histopatológico para fazer o reconhecimento de qual foi o preenchedor, processos infecciosos, como reconhecer uma infecção de pele, quais são os tipos.
Dr. Flávio Luz foi outro colega que saiu da palestra aplaudindo a abordagem do tema. E ressaltou a importância do alerta sobre como fazer um preenchimento de forma correta por profissionais devidamente capacitados.
– A palestra foi importante por mostrar a relevância de um treinamento adequado para quem faz preenchimento, e o problema que é causado quando um profissional não habilitado realiza uma técnica que pode parecer inócua, mas que leva à necrose, à cegueira, se não realizada adequadamente, e que, em um dos casos apresentados, levou ao suicídio.
Após a palestra, a Dra. Meire Brasil Parada afirmou que, ao mostrar casos de complicações com preenchedores para dermatologistas, é importante entender que essas situações podem acontecer.
– Os colegas que já fazem esse tipo de procedimento há muito tempo sabem que podem ocorrer as complicações. A gente precisa estar preparado para resolver a complicação. O que nós vemos hoje é que esses profissionais que não são da área médica não têm esse preparo. E insistem no fato – principalmente os dentistas – de que conhecem muito bem a anatomia da face, mas são focados na região oral. E passam a atuar em outras áreas, como a rinomodulação – preenchimento de nariz – e a gente tem hoje incidência alta de cegueira e AVCs causados por esses preenchimentos. E, nós, dermatologistas precisamos estar preparados para lidar com essas complicações, porque eles não têm esse preparo.
Caso vencedor
Onze estudos de casos foram apresentados e, com 133 pontos, venceu o caso Doença de Darier: três décadas de história, do HUGG, apresentado por Lara dos Santos Vardiero, Juliana Guimarães Guerra, Luciana Ferreira Araújo, Omar Lupi, Ricardo Barbosa Lima e Carlos José Martins. Em segundo lugar, com 88 pontos, ficou o caso Esporotricose: a atual grande simuladora, do IDPRDA, apresentado por Carolina A. Molina, Karla D. Pacheco, Fabiano Leal, Regina C. Schechtman, Fernando Manoel Belles de Moraes, David Azulay e kleber Ollague. E a terceira colocação, com 69 pontos, foi para Lesão Nodular no Couro Cabeludo, do HFB, apresentado por Suellen Ramos de Oliveira, Beatriz Baptista Abreu da Silva, João Pedro Cabrera Pereira, Lívia Célem, Larissa Vita Campos e Thiago Jeunon.
Professor titular aposentado da UFRJ, pioneiro da implantação dos cursos de pós-graduação em Dermatologia no país e um dos primeiros frequentadores das reuniões mensais, Dr. Absalom Filgueira diz que até hoje as RMs cumprem seu papel.
– O encontro mensal da SBD-RJ é louvável por ser um fórum que persiste até hoje, seguindo o ideal de quando ele foi proposto há mais de 40 anos.