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Pílulas de Conhecimento

 

Este mês, o nosso quadro é com os Doutores Rodrigo Pirmez e Daniel Fernandes Melo, do Departamento de Cabelos da SBDRJ, que abordam o tema “Alopecia androgenética e COVID-19: Qual a relação? Evidências preliminares no papel dos androgênios na infecção pelo SARS-CoV-2”.

Vamos à leitura:

Uma série de artigos foi recentemente publicada, sugerindo possível papel dos androgênios na infecção e gravidade dos casos de COVID-19.

Estudos populacionais vêm demonstrando maior incidência de casos graves e mortalidade entre pacientes do sexo masculino infectados pelo SARS-CoV-2. Um estudo chinês apontou sexo masculino como o fator de risco independente mais importante para complicações pela COVID-19. Em estudos americano e alemão, a mortalidade em pacientes do sexo masculino também foi maior. Além disso, a mortalidade em crianças pré-puberes é extremamente baixa. Frente a esses dados, alguns autores vêm explorando a possível associação entre androgênios e a patogênese da COVID-19.

Sabe-se que o SARS-CoV-2 consegue entrar nos pneumócitos II através de sua ligação à enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2). Tal ligação é mediada pela enzima TMPRSS2. Assim sendo, a concentração e a atividades de ambas ECA2 e TMPRSS2 são cruciais na habilidade de infecção do vírus. Ressalta-se que ambas as enzimas são reguladas pelo receptor de androgênios. Portanto, os autores sugerem que a expressão mediada por andrógenos dessas duas enzimas poderia explicar as diferenças de gravidade e mortalidade observadas entre os gêneros.

Em outro estudo, foi investigada a prevalência de alopecia androgenética (AGA) em pacientes internados por COVID-19. Segundo os autores, a AGA é mediada por androgênios e dependente de variações genéticas presentes no gene dos receptores de androgênios. Portanto, os autores levantaram a hipótese de que homens com AGA teriam maior chance de serem hospitalizados com complicações pela COVID-19 quando comparados com controles. De 41 pacientes hospitalizados em dois centros espanhóis, 71% deles foram diagnosticados com AGA clinicamente significativa. Apesar de não haver grupo controle no estudo, os autores comentam que a prevalência de AGA em pacientes pareados pela idade seria entre 31-53%, de acordo com dados da literatura. Frente a esses dados, os autores estão conduzindo novos estudos controlados com o intuito de averiguar se há mesmo relação entre androgênios e a gravidade da COVID-19.

Apesar da literatura incipiente, caso a sensibilidade aos androgênios seja confirmada como um fator de predisposição a doença grave por SARS-CoV-2, o uso de medicações anti-androgênicas poderia ser aventado como um possível tratamento para a doença.

Referências

  1. Goren A, Vano-Galvan S, Wambier C, et al. A preliminary observation: male pattern hair loss among hospitalized COVID-19 patients in Spain – a potential clue to the role of androgens in COVID-19 severity. J Cosmet Dermatol 2020;IN PRESS.
  2. Wambier, C. G. & Goren, A. SARS-COV-2 infection is likely to be androgen mediated. J. Am. Acad. Dermatol. (2020). doi:10.1016/j.jaad.2020.04.032
  3. Wambier CG, Goren A, Vaño-Galván S, et al. Androgen sensitivity gateway to COVID-19 disease severity. Drug Dev Res. 2020 May 15. doi: 10.1002/ddr.21688.