Este mês, os Dr. Fabiano Roberto Pereira de Carvalho Leal e Dr. Paulo do Cabo Notaroberto, coordenadores do Departamento de Laser, trazem a reflexão sobre as aplicações do laser Q-switced.
Vamos à leitura:
Lasers Q-switched (QS) ainda são considerados como excelentes opções para a remoção de tatuagem, mesmo com a chegada do laser de picosegundos. O nome Q-switched está relacionado ao mecanismo usado para controlar a saida de luz, uma vez que concentra toda a energia em rajadas intensas ou series de pulsos, modulando as perdas intracavitarias, o chamado fator Q do ressonador. Existem três tipos de laser Q-switched: Ruby (694nm), Alexandrita (775nm) e Nd:YAG (1064nm). Eles são classificados como lasers pulsados com pulso curto em nanossegundos.
Na prática, o mais usado é o Q-switched neodymium:yttrium-aluminum-garnet (Nd:YAG)1064nm, a sua freqüência pode ser dobrada, passando o laser pelo cristal KTP (potassium titanyl phosphate), resultando em um comprimento de onda de 532 nm. Os lasers pulsados Q-switched buscam destruir uma certa estrutura pela sua ação fotoacústica; por ter uma duração de pulso extremamente curta, a energia não tem tempo de ser dissipada ao tecido adjacente e fica concentrada no alvo, gerando ondas de choque que fragmentam o cromóforo (“alvo”). Os pigmentos requerem diferentes comprimentos de onda (ex:1064nm atuando mais na cor preta, 532nm atuando mais no pigmento vermelho), e também, pigmentos mais superficiais são tratados com comprimento de onda mais curto (ex:532nm), enquanto comprimentos de onda maiores (ex:1064nm) atuam mais profundamente.
Antes de iniciar o tratamento, é importante o paciente compreender que há a necessidade de várias sessões, e que a tatuagem pode não sair por completo. Importante compreender que, quando se fala de laser QS-NdYaG, não estamos falando somente de um laser para remoção de tatuagem, ele apresenta outras aplicações como a sua ação em lesões pigmentadas na epiderme e derme (ex: melanose solar, nevo de Ota, nevo de Ito, ocronose, etc…), rejuvenescimento, mesmo tendo baixa absorção pela água, é capaz de induzir a bioestimulação.
No melasma epidermico, é notada maior taxa de clareamento do que no melasma dermico ou misto. Até poucos anos atrás, os aparelhos dedicados para o laser Qs eram melhores que os aparelhos compartilhados, e isso é uma verdade para a maioria dos aparelhos, porém atualmente já encontramos no nosso meio aparelhos compartilhados, que se equiparam a muitos aparelhos só dedicados.
Já comentamos que o laser Qs possui pulso curto, e hoje encontramos aparelhos com pulso extremamente curto, capazes de aumentar a entrega de energia, gerando um efeito fotoacustico ainda maior, que quebra mais quantidade de pigmento em maior extensão do que pulsos mais curtos e múltiplos que não conseguem atingir todo o pigmento devido ao fenômeno de blindagem óptica.
1.Trídico LA, Antonio CR. Laser quality switched (Q-switched): revisão de suas variações e principais aplicabilidades clínicas Surg Cosmet Dermatol. Rio de Janeiro v.11 n.4 out-dez. 2019 p. 274-9. http://www.dx.doi.org/10.5935/scd1984-8773.20191141419
2.Kasai K. Picosecond Laser Treatment for Tattoos and Benign Cutaneous Pigmented Lesions (Secondary publication). Laser Ther. 2017;26(4):274-81.