Patergia é um fenômeno de hiperreatividade cutânea em resposta a um trauma mínimo. Pode ocorrer na síndrome de Behçet, pioderma gangrenoso, síndrome de Sweet, eritema elevatum diutinum e síndrome “Bowel Associated Dermatitis Arthritis Syndrome” (BADAS). A presença de patergia é averiguada por meio de testes com micropunturas. O seu mecanismo não é bem compreendido, mas especula-se que esteja relacionado à liberação de mediadores inflamatórios pelas células traumatizadas, com participação de mecanismo reflexo envolvendo axônios, vasos e outras estruturas cutâneas.
No caso específico da doença de Behçet, que foi o tema da nossa apresentação na última reunião mensal, o teste costuma ser positivo nos pacientes do Oriente, principalmente naqueles com comprometimento vascular, nos pacientes com mais de cinco anos de doença e nos portadores do alelo HLA-B51.
E como é feito o teste?
Não há um método padrão para realização do teste. O local habitualmente escolhido é a face anterior do antebraço. Insere-se obliquamente na pele, uma agulha normalmente de calibre 20G no plano da derme. Pode ser realizado apenas com a micropuntura ou com a injeção intracutânea de 0,1ml de solução salina 0,9%. Não há um número de micropunturas determinado, geralmente se realizando de duas a quatro micropunturas. Caso o resultado seja negativo, o teste deverá ser repetido para confirmação desse resultado.
A leitura é feita em 24-48 horas. O exame é considerado positivo se houver formação de pústula ou pápula maior que 2 mm. Alguns autores consideram positivo, independentemente do tamanho da pápula. Na dermatoscopia, poderá ser encontrada pápula, pústula ou lesão exulcerocrostosa circundada por área eritematosa ou edematosa. Se realizada biópsia local, pode-se identificar infiltrado inflamatório com neutrófilos e linfócitos e, eventualmente, deposição de material fibrinólise nas paredes vasculares.