Há 44 anos no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, a professora e dermatologista Luna Azulay revela nunca ter visto uma situação tão grave na saúde pública como tem acontecido nos dias atuais.
A falta de recursos afeta as atividades acadêmicas, paralisa as pesquisas e restringe ainda mais as internações hospitalares.
A professora, que tem 68 anos, já poderia estar aposentada, mas que sabe a importância do trabalho dela para os pacientes da unidade. Luna, os residentes e outros médicos já precisaram se juntar para comprar biscoitos para os pacientes, já que a unidade não tinha lanche.
– Eu sou absolutamente apaixonada pelo o que eu faço lá. Eu sou dermatologista. Eu nunca vi o hospital como está hoje. Já teve momentos que as pessoas tiveram que se reunir para comprar biscoito para dar aos pacientes internados – disse.
Há cerca de um mês a médica se solidarizava com a família de uma idosa de 94 anos, que com dores causadas por uma doença grave, só conseguiu ser internada dias depois da consulta porque no momento em que precisava o hospital não tinha vaga.
São os corações dos funcionários que têm mantido a unidade. O diretor do hospital, Edmar José Alves dos Santos, conta que já recebeu pacientes mesmo sem ter onde internar.
– Quando a gente não consegue colocar um paciente desse que está na fila do SUS para dentro para fazer o que é nossa expertise, que só tem a gente praticamente como opção, isso nos comove muito. Nessa comoção a gente até cria vaga que não existia.
A partir de segunda-feira, as internações hospitalares, cirurgias eletivas, consultas e exames ambulatoriais no hospital sofrerão cortes. Apenas 100 dos 350 leitos estarão abertos. Em 2014, a unidade tinha 44 leitos para cirurgia geral. Hoje, apenas 12. Nesta semana, cinco salas operatórias estavam abertas à população. A partir de segunda-feira, serão apenas três.
A crise no Estado afeta o Pedro Ernesto há um ano. Servidores, residentes e alunos estão com as bolsas os salários atrasados há cerca de dois meses e meio.
Fonte: BandNews