Se fôssemos elaborar uma lista de temas relevantes e preocupantes para a sociedade brasileira atualmente, com certeza o VÍRUS ZIKA seria um dos principais. Segundo o Ministério da Saúde, a primeira vez em que um caso de zika foi oficialmente identificado no Brasil data de abril de 2015. Muitas questões têm sido levantadas e poucas respostas concretas puderam ser dadas, já que o assunto ainda é muito novo para todo o mundo. Fato é que a epidemia de zika preocupa a toda a população e a frequência de infectados tem sido cada vez maior.
O vírus zika recebeu esse nome por conta do local de origem de sua identificação, em 1947, após detecção em macacos sentinelas para monitoramento de febre amarela, na floresta Zika, em Uganda, na África. Desde então, percorreu Ásia e Oceania, chegando ao continente americano no início de 2014, na Ilha de Páscoa, território do Chile no Oceano Pacífico. Casos importados foram descritos no Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e Austrália, ainda segundo informações do Ministério. Ainda não existe um tratamento ou vacina específicos para o combate ao vírus.
O que você precisa saber sobre Zika
- Na nova epidemia de dengue, em 2015, o Ministério da Saúde registrou 1649,008 casos prováveis da virose no país. Houve um aumento de 82,5% dos óbitos em relação ao ano anterior [1].
- O vírus da zika é um vírus da família Flaviviridae, do gênero Flavivirus. Em humanos é transmitido através da picada do mosquito Aedes aegypti, causando a doença também conhecida como Zika.
- A expansão territorial da infestação pelo Aedes aegypti mostra o fracasso da estratégia nacional de controle. Com o surgimento da epidemia do Zika vírus, com repercussões ainda mais danosas ao ser humano, urge a revisão ainda maior da nossa política e do programa de controle da infestação da epidemia desses vírus. [1]
- Uma das maneiras de controle dos focos e criadores do mosquito é através da Central de Atendimento ao Cidadão, o tel 1746, da prefeitura do Rio de Janeiro. Segundo reportagem do jornal O Globo (13/02/16), somente nesse ano, a Central já recebeu 8140 chamados para acabar com os criadouros. Ao contrário de outras capitais do país, como Recife e Porto Alegre, o Rio ainda não começou a fazer o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRA a) deste ano.
- Aproximadamente 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Nos casos em que há manifestação de sintomas, eles costumam incluir dores de cabeça leves, febre baixa, mal estar, dores leves nas articulações, conjuntivite, coceira e exantema maculopapular, que, no geral, desaparecem espontaneamente após três a sete dias [2].
- A febre por vírus zika é transmitida principalmente pela picada dos mosquitos do género Aedes. [2] Pode também ser potencialmente transmitida por contato sexual e transfusões de sangue.[2] A doença pode também ser transmitida de mãe para filho durante a gravidez e causar microcefalia.[2] [3] Existem relatórios de dois casos de possível transmissão por via transmissão perinatal.[32]
- O diagnóstico é feito com análises ao sangue, urina ou saliva, que detectam a presença do ARN do vírus quando a pessoa está doente. [2] [3] [4]Tal como outros flavivírus, pode ser potencialmente transmitido por transfusões de sangue e vários países afetados têm vindo a tomar medidas para realizar rastreio a dadores de sangue. [5] [6] [7]
- A doença pode ser transmitida de mãe para filho durante a gravidez e causar microcefalia. [8] A partir de novembro de 2015, surgiram relatórios do Ministério da Saúde do Brasil de casos na região nordeste de fetos severamente afetados cuja amniocentese confirmou a presença de vírus zika no líquido amniótico.[8][9] [10] [11] As ecografias demonstram que os casos do perímetro cefálico estar reduzido (microcefalia) se devia à destruição de diversas partes do cérebro.[12] Um dos fetos também apresentava calcificações nos olhos e microftalmia. O ministério reportou posteriormente pelo menos 2400 casos suspeitos de microcefalia no país até 12 de dezembro de 2015 e 29 mortes. [13] [14] [15] [16] [17]
- As infecções por vírus zika têm sido associadas à síndrome de Guillain-Barré (SGB), que é a fraqueza muscular de início rápido que pode progredir para paralisia.[18]
- A síndrome de Guillain-Barré ou polirradiculoneurite aguda é uma doença desmielinizante caracterizada por uma inflamação aguda com perda da mielina dos nervos periféricos e às vezes de raízes nervosas proximais e de nervos cranianos.
- Em muitas pessoas o início da doença é precedido por infecção de vias respiratórias altas, de gastroenterite aguda (por campylobacter) e antecedente de infecções agudas por uma série de vírus tais como: Epstein Barr, Citomegalovírus, HTLV-1, Vírus da imunodeficiência humana, e diversos vírus respiratórios têm sido descritos. A partir de 2010, uma pesquisa realizada pela UFRJ, constatou que o vírus da Dengue pode ser um dos causadores (visto que 1-4% das pessoas com dengue desenvolveram a síndrome) [19] [20]
- O rastreio nas crianças em que haja suspeita de doença congénita provocada pela febre zika, o CDC (Centro de Controle de Doenças Americano) recomenda exames tanto serológicos como moleculares, como o RT-PCR, ELISA IgM e o teste de neutralização por redução de placas (PRNT).[21] Os recém-nascidos de uma mãe que tenha sido potencialmente exposta ao vírus e que tenham tido resultados positivos nas análises ao sangue, microcefalia ou calcificações intracranianas devem realizar mais exames, incluindo uma investigação detalhada para anormalidades neurológicas, características dismórficas, esplenomegalia, hepatomegalia e exantema ou outras lesões da pele.[21] Entre outros exames recomendados estão a ecografia craniana e avaliação da audição e visão.[21] Devem ser realizados exames a todas as anomalias encontradas, assim como a outras potenciais infeções congénitas, como sífilis congénita, toxoplasmose, rubéola, infecções por citomegalovírus, coriomeningite linfocitária e herpes simplex vírus.[21]
- Quanto ao tratamento não existe atualmente terapia específica para a infecção por vírus zika. Os cuidados de apoio consistem no alívio da dor, febre e prurido.[4] Algumas autoridades de saúde recomendam que não sejam tomadas aspirinas ou outros anti-inflamatórios não esteroides, uma vez que estes têm sido associados a síndrome hemorrágica quando usados em outros flavivírus.[4] Para além disso, o uso de aspirina não é recomendado em crianças devido ao risco de síndrome de Reye.[4]
- Até ao surto de 2015, o vírus zika tinha sido relativamente pouco estudado e não existem atualmente tratamentos antivirais. Os conselhos dados às mulheres grávidas incidem sobre evitar o risco de infeção o máximo possível, já que uma vez contraída a infeção pouco ou nada há que possa ser feito para além do tratamento de apoio.[22] [23]
- Diversas teorias estão sendo elaboradas, recentemente um componente químico larvicida chamado Pyriproxyfen é apontado como causa da microcefalia pela Organização dos Médicos Argentinos.[24]
- O relatório da entidade é enfático ao dizer que não são coincidência os casos de microcefalia surgirem nas áreas onde o governo brasileiro fez a aplicação do Pyriproxyfen diretamente no sistema de abastecimento de água da população, mais especificamente em Pernambuco. “O Pyroproxyfen é aplicado diretamente pelo Ministério da Saúde nos reservatório de água potável utilizados pelo povo de Pernambuco, onde a proliferação do mosquito Aedes é muito elevado (uma situação semelhante à das ilhas do Pacífico ).
- O relatório também observou que o Zika tem sido tradicionalmente considerado uma doença relativamente benigna, que nunca foi associada com defeitos congênitos, mesmo em áreas onde infectou 75% da população.
- A Abrasco, Associação Brasileira de Saúde Coletiva, também aponta o Pyriproxyfen como causa provável da microcefalia. A associação condena a estratégia de controle químico para frear o crescimento dos mosquitos portadores do Zika vírus. A Abrasco alega que tal medida está contaminando o meio ambiente, bem como pessoas e não está diminuindo o número de mosquitos. Para a Abrasco esta estratégia é, de fato, impulsionada por interesses comerciais da indústria química, a qual diz que está profundamente integrada com os ministérios latino-americanos de saúde, bem como a Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde.1
Bibliografia
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